domingo, setembro 30, 2007

Imperceptível

A sensação é a de que me tornei invisível nos últimos dias.
Tenho desejado conversar com os amigos e contar os problemas e as alegrias que as últimas semanas têm me proporcionado, mas a impressão é a de que nem meus amigos têm me percebido realmente.
Sem exceção nenhuma, todas as pessoas que têm chegado ao meu lado de uns tempos para cá, puxam a cadeira e começam a desabar em mim seus problemas. O fluxo de novidades é tão intenso que não tenho tempo de respirar e, em hipótese alguma!, começar a falar sobre mim e sobre o que venho passando.
Não estou dizendo que não desejo mais participar das decisões e auxiliar como posso na solução das aflições de meus amigos. De modo algum! Gosto e sempre gostei de ouvir e aconselhar, na medida do possível.
A minha queixa é direta ao fato de que não tem recebido reciprocidade: ninguém sequer tem manifestado interesse em saber como se passaram meus dias; ninguém sequer é capaz de perguntar porque estou feliz, ou porque estou triste.

E tem mais! Na alegria, sou esquecida, descartada; mas tão logo surge um revés, lá tem de estar a Lúcia Helena de ouvidos abertos e palavras certeiras para aconselhar.

A impressão que tenho é a de que me tornei uma paisagem: você nunca a percebe, mas basta estar sozinho, basta estar esquecido por todos, ou desejar que te esqueçam, que se volta o olhar e os pensamentos para a paisagem, e derrama-se uma chuva de lamentações por sobre ela sem ao menos procurar saber se algo de estranho, desconfortável, desagradável tem lhe afligido nestes dias tão cheios de secura e frio.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Pense em uma situação constrangedora. Pronto?
Agora maximiza.

Sem perceber, estava eu frente a uma dessas situações...

O que se passou é que a falta de responsabilidade de um, a falta de discernimento entre o que é correto e o que é absolutamente reprovável e a falta de caráter em assumir o que se faz estouraram como uma bomba em minhas mãos.

Tentei esconder os danos por uns tempos porque não estou habituada a lidar com este tipo de comportamento. Então, por medo de me precipitar e fazer o que também pudesse se tornar reprovável, decidi me preparar para o medo em que a conversa tivesse de ser iniciada sem prerrogativas e sem meia-voltas. Para um momento em que, calma, pudesse eu dizer o que não me diz respeito, mas que, de certa forma, poderá afetar qualquer um de nós em qualquer momento.

Na verdade, nem sei se eu estava ou não preparada hoje, mas ao perceber que um grande amigo poderia receber um revés porque podem agir do mesmo modo que este comportamento que eu posso reprovar e (com toda a pretensão, sim!) buscar consertar em outro, senti que não era medo o que eu sentia; era covardia...

Fui, então, “desentortar o pepino”; simplesmente porque cansei de ver gente com a garganta maior do que as qualidades que ela divulga tendo chances aquém de seu mérito.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Mudança de clima

Lembra que comentei semana passada que estava a sentir saudades do que nem sei?
Pois é... O sentimento persiste!

Tenho estado até meio agoniada porque, de repente, com uma constância levemente irritante, vêm melancolia, solidão, inquietude e quietude sem explicações (ou, pelo menos, sem explicações evidentes).

Ontem, achei que vislumbrava meu futuro.
Sem nomes, sem rostos, estava eu certa de que tudo estava certo. Estava convencida de que a vida sorria para mim.
Hoje, de novo, a agonia...

Será o friozinho que chegou manso no início da tarde?
Frio me desconsola...
Frio me lembra coisas que, para meu bem estar, deveriam permanecer enterradas.

quinta-feira, setembro 13, 2007

Saudades do quê?

Acordei hoje de bem com a vida.
Tive sim uns sonhos estranhos durante a noite em que pessoas de meu passado e completos desconhecidos vinham até mim e conversavam coisas sem nexo, mas sempre fazendo alguma crítica amarga e azeda a meu modo de viver.

Mas sonhos são sonhos e nem dediquei atenção a eles depois de acordada.
Fiz tudo como queria fazer: tomei, tranqüila, meu café da manhã e sentei-me à frente do computador para esboçar algumas coisinhas que precisam estar prontas tão logo quanto possível.
Breve assim e já era a hora do banho e de todo o ritual demorado de me arrumar para sair de casa.

Uma boa música e um sorriso descomprometido no rosto.
Alguns olhares e julguei que se percebe a leveza de outrem, a tranqüilidade e o ar de bem viver que, sim!, se espalha por aí.

O dia passou bem e tudo correu normal, mas bastou sentar no fundo do ônibus e enfrentar o trânsito das 17:30 para que caísse sobre mim uma melancolia sem fim; sem começo. Uma melancolia sem porquê.

Continuei como podia e senti saudades profundas e dolorosas daquilo que jamais tive.
Nessas horas, desejo que a vida minha seja a vida de outra. Desejo que tudo pudesse ter sido feito com um pouco mais de serenidade e emoção.

Agora ou quando?
Não importa.
Talvez já, talvez nunca.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Às vezes algo aparentemente insignificante e desprovido de peso torna-se o fardo que tiram de suas costas.

Acostumada com os dias de tensão e imersão em atividades que demandam tempo, paciência e muita vontade, indo e vindo para lá e para cá, remoendo o que já foi ruminado, e extraindo sabor do que já se pensava exaurido, demoro a ter a postura ereta, ranço da carga que até poucos instantes arqueava meus ombros e minha disposição.
Se era muito ou pouco o peso, não se pode dizer!: Não há balança que converta em algarismos a labuta minha dos dias passados.

Talvez até seja despropositada a felicidade do momento aos olhos de quem não me viu mergulhada nos afazeres, mas a sensação de que todo o desgaste emocional foi válido, recompensa qualquer coisa. E me faz querer ficar acordada dia e noite, de pernas pro ar, no mais absoluto dolce far niente!
Ficar acordada e pensando no que não interessa pelo simples prazer de assim estar.
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