segunda-feira, agosto 03, 2009

Uma semana intensa

Parece título de composição que a gente tinha fazer lá pela segunda série, mas é só a descrição deste fim de julho/começo de agosto de um ano que, para mim, está sendo completamente doido. Doido no sentido Mário Prata, ou seja, excepcionalmente bom, mas diferente.

Entre tantas outras coisas, três acontecimentos marcaram a minha semana.

Vou começar pelo fim.


No sábado, um casal de amigos super querido se casou. Um destes casais que você vê junto e pensa: que casal bacana!

Eles são lindos e estavam lindos. A animação ocupava cada milímetro do salão e a gente dançou, riu e se divertiu até não mais ter pernas e ser preciso ir embora para a noite de sono.

No meio da semana, por outro lado, um amigo querido foi de mala e cuia para fora do país. Vai passar um ano. Vai parecer muito mais. Eu não me despedi dele, mas ele já que meu coração bate um pouco lá, ao seu lado. Sorte! Porque vontade, determinação e competência são atributos que não lhe faltam nunca! (Nem a sorte! E eu sei que ela vai brilhar mais uma vez...)

Por fim, começo com o domingo: fato menos decisivo do que os outros dois acontecimentos, foi no domingo que comecei a minha mudança.

Demorou para acontecer porque eu levei muito tempo para encontrar um lugar que eu queria ficar.

Talvez o cansaço da busca tenha incutido um pouco em mim e resolvi vir para mais longe do que estava na minha pretensão inicial. O fato é que cá estou, num apartamento em que se faz eco neste momento que bato meus dedos contra as teclas sujas do computador.

Demorou também porque eu tenho uma grande sorte em ter tios como os meus: que me dão a sua casa aberta, assim como o coração; que me acolheram já tantas vezes e esta mais.

Ainda têm coisas nas caixas, ainda tem muita bagunça e eu já dei de cara várias vezes com os armários e as paredes, meus ainda desconhecidos. Mas é boa a sensação de, enfim!, estar de volta a São Paulo com toda a força.

Com isso, pensei também em Natal e na vida que eu lá poderia ter...

A Via Costeira certamente é mais agradável que a Marginal Pinheiros. Mas a Via Costeira não não é a Marginal Pinheiros...

quarta-feira, março 04, 2009

Assim!

Certas situações eu nem pensava... De tão magnificamente extraordinárias que me pareciam.

Era um sonho, vislumbrado em cores claras e ainda fora de foco. Não me ousava em imaginar que um dia pudesse se construir, vivo, forte, verdadeiro.

Felicidade da mais plena! É isso!

Tanta renúncia, tanta aflição... Tudo é passado.

Com tudo novo; com vida nova; de alma renovada! E onde sempre quis estar...

Assim!: feliz!

terça-feira, novembro 11, 2008

Tchau

Toda a força não é o suficiente e os olhos avermelham. A garganta trava e o choro, tímido, aparece discretamente.
Está chegando a hora de ir.

Fiz-me doutora. Nunca imaginei que seria um dia.
E eu nunca sei o que será da minha vida; os meus planos não são vetoriais, mas eu sempre pensei que este momento não fosse chegar.
Ainda não empacotei nada, porque caixas me angustiam.

Tenho uma legião de bons amigos que torcem para eu voltar logo; e assim eu o quero. Mas não é hora de planejar isso. Os planos agora são outros e envolvem livros, artigos e horas de estudo.

Eu vou. Não sei se volto. Mas eu deixo aqui tanto que é quase como se um pequeno pedaço de mim não fosse.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Coordenadas

A vida tem dessas. Surpresas.

Calmaria não move barco algum.

Quando tudo tá bem, as coisas no trilho, surge de não se sabe onde um impulso, por vezes indesejado, que te leva a sair do equilíbrio e te manda para outro rumo.

Tô fazendo as malas, colocando algumas roupas que não devo mais usar nessas semanas e amanhã a mala fica lá em Andradas.

Voltar só é fácil na música do Chico, quando há certeza de sabiás.

Porque voltar, agora, exige refazer o rumo, retomar o que já se esqueceu ou nem há mais. 

Voltar exige esquecer o que se tem e nem se desejou, mas que agora é tudo...

terça-feira, outubro 14, 2008

Teimosia

Tenho inúmeros defeitos. Um deles é a teimosia. Talvez o maior.

Não sei me controlar. Faço coisas que não deveria só porque sou teimosa.

E agora pus na cabeça que eu tenho que conseguir algo e não vou descansar enquanto não conseguir.

O mundo inteiro deve pensar que é impossível. Para mim, não pode ser.

E aí, muitas vezes, a teimosia se transforma em raiva. O que não é bom.

Mas é só a raiva, é só o incômodo, o desassossego que faz a gente se mover e ir em frente. Quebrar barreiras e pôr a cara onde falam que a gente não deve se meter.

Podem até me chamar de arrogante, atrevida ou seja lá o quê: não me importo! Se eu não pensar assim, não vai ter ninguém acreditando em mim...

quarta-feira, outubro 08, 2008

Desabafo

Não sei discutir política. Por isso, nunca o fiz aqui. Tenho amigos que escrevem e falam sobre o assunto com maestria. Sinto admiração por eles. Mas esta semana, frente aos resultados das eleições em Andradas, tenho uma imensa necessidade em colocar aqui algumas palavras. É o desabafo para tentar me livrar do incômodo que ainda sinto desde o fim da tarde de domingo...

Neste mesmo dia, durante à noite, acompanhando pela TV à cobertura das eleições e da apuração, presenciei momentos e falas que me deixaram profundamente magoada, triste e indignada. É por isso que espero, do fundo de meu coração, que as palavras ditas pelos senhores eleitos prefeito e vice-prefeito de nossa cidade durante a transmissão daquela noite tenham sido reflexo tão somente da animação exagerada que se deve viver quando se vence uma eleição. Do contrário, se tais palavras expressarem a real opinião que os dois senhores têm sobre a condição política pela qual passa nossa cidade, seria preciso alertá-los que vivem em uma sociedade imaginária e não na Andradas que podemos ver hoje, em outubro de 2008.

No calor da comemoração, o vice-prefeito eleito disse que estávamos vendo “a volta da democracia, da liberdade e da participação”. Pergunto-me: se não houvesse democracia, teríamos presenciado um debate constrangedor como aquela da quinta-feira, em que, antes da candidata, a pessoa ali presente foi achacada com perguntas e ofensas despropositadas? Se não houvesse liberdade, teria sido possível ouvirmos inverdades em relação aos atos e ações da atual prefeita? Se não houvesse participação, teria sido possível à população reivindicar junto à prefeitura por desejos que foram sanados?

São palavras do prefeito eleito ditas em frente à prefeitura logo após a divulgação do resultado das eleições: “A população queria dar o troco”. Pergunto-me: dar o troco a quê?

A quatro anos de uma administração de trabalho incansável, em que muito se fez e muito se trouxe de benefícios para a sociedade andradense?

O prefeito-eleito ainda completa: “Vou dar uma demonstração de humanidade.”

Espero que tal demonstração seja equivalente àquela que acompanhamos desde o início do ano de 2005, quando foram iniciados os trabalhos da atual administração culminando na construção de escolas, reformas nas já existentes, construção de creches para as crianças das famílias andradenses, de reforma do pronto-atendimento municipal (e melhoria de seus trabalhos!), de pavimentação ou recapeamento de importantes vias públicas, da melhoria e ampliação da frota municipal, da reforma e ampliação da biblioteca pública, da implantação do gasoduto em nossa cidade, entre tantas outras coisas.

Poderia ainda listar mais um rol imenso de benefícios que a prefeita e seu vice trouxeram para Andradas, mas paro por aqui, pois tenho certeza de que, somente com isso, ela já teria dado prova de sua grande capacidade. Capacidade esta que, infelizmente, foi preterida nas urnas.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Feels like flying

O ano era 1990. Era dia das crianças. Ganhei o que havia pedido: um disco.

Não era um lançamento: havia sido lançado no ano anterior, mas era o álbum com as músicas que, naqueles dias, eu mais gostava de escutar.

Passava, às vezes, horas a fio trocando as estações do rádio em busca de uma delas... 

Uma ou outra estava gravada numa fita cassete: má qualidade, voz do locutor no fim de uma e no começo de outra, falha de captação de sinal em duas delas...

Por motivos como estes, qual não foi a minha alegria ao tirar o disco da embalagem e sentir o ar se encher com essência de patchouli! Sim!: fui feliz com Like a Prayer em minhas mãos!

Tudo, absolutamente tu-do, naquele disco era maravilhoso: das músicas ao perfume que exalava do papelão e do vinil; do encarte contendo todas as letras ao informe sobre a Aids e formas de prevenção; a foto da capa... Talvez nem fosse assim para os outros, mas, para mim, era uma novidade sem fim!

Era a Madonna! 

Por isso mesmo, na semana passada, quando começaram as vendas para os shows de São Paulo, meu coração acelerava e parava em cada oscilação na conexão, em cada nova imagem que se abria no site. Tive vários piripaques no telefone, quando demorava um pouco mais para ouvir o sinal de ocupado... Só sosseguei depois, quando, finalmente, os ingressos foram comprados!


É claro que gosto dos outros álbuns da Madonna: dos antigos aos atuais. É claro que ainda aguardo com ansiedade cada uma das suas novidades! Mas tenho um carinho especial por Like a Prayer... 

Ele foi meu último presente do dia das crianças. Ele foi minha primeira paixão de adolescente...

segunda-feira, agosto 18, 2008

O que traz um apagão...

Estive revisitando a minha caixa de emails hoje...

Foi por necessidade: com a perda de um HD (e de quase toda a minha vida que nele estava) sobraram-me alguns poucos lugares para eu procurar textos, artigos, histórias que escrevi em algum momento.

Revi aniversários e festas em fotos enviadas, viajei de novo para alguns lugares com as minhas notícias dadas, ri com as bobagens trocadas em mensagens curtas entre amigas, chorei com o carinho de um colega num momento difícil...

É engraçado, mas minhas caixas de emails sabem tanto sobre mim que é até assustador olhar pra elas...

terça-feira, julho 22, 2008

Dentro de você

De cara para a encruzilhada, às vezes, as múltiplas escolhas podem nos confundir e, em qualquer lugar escondido na mente, a gente chega a pensar que as linhas retas estão só camuflando um labirinto.

Fuja disso!

Não do “labirinto” (estando ele lá ou não!). Fuja da idéia de que há algo além das linhas retas.

Olhe para elas, concentre-se no que vê no momento e não deixe as idéias turvas deflagar uma situação que, muito provavelmente, não é exatamente como a que está pintada em seus pensamentos.

 

Por favor, não analise o que foi com olhos tão racionais, procurando intensamente a resposta. A resposta pode não estar em lugar algum. Ainda.

A solução vai chegar. Cedo ou tarde. É tudo questão de tempo e espaço. Como se fosse mais um problema da Física. Destes que você resolve com facilidade. Clássica ou relativisticamente.

Depois de resolvido é que, então, a gente vai ver que não havia como ter outra solução; não havia como escolher outra alternativa que não aquela. A resposta, certamente, está aí: “olhe para dentro de você.” 

terça-feira, junho 10, 2008

Palavras

Viver é colecionar palavras; conhecer substantivos; ampliar os adjetivos especializando cada um deles no mesmo sentido e com a mesma proporção que o tempo passa.
Viver é escrever um dicionário.

E é por isso que, agora, dei pra achar que minha escrita é uma arrogância, uma indelicadeza, pois ela tem o propósito de mostrar aos outros os adjetivos e substantivos que fazem parte de mim, ou melhor, os adjetivos que apreendi da vida, que atribui a cada um dos substantivos com os quais me deparei.
Gostar da minha escrita se torna tão somente o vislumbre de uma familiaridade com meu vocabulário; porque é aí que as palavras criam sentido para você. Talvez esse seja até o seu sentido, mas de maneira inequívoca é o sentido que eu quis atribuir a cada um dos vocábulos.

Minha tarefa se torna menos saborosa...

terça-feira, maio 20, 2008

Paris é indescritível!

Não, melhor: Paris é inefável.

Posso até dizer aqui, por linhas a fio, tudo o que vi; enumerar tim-por-tim cada um dos lugares, dos monumentos, dos momentos que lá vivi e, confesso!, seria um grande prazer! Mas há certas nuances que não encontram sinônimo algum, correlato algum, correspondência qualquer no Aurélio e no Houaiss.

O que quer se diga com palavras não traduz as cores, as construções, as belezas e todas as outras inúmeras coisas que sempre sonhei, desejei, ansiei por ver.

A cada nova esquina, a cada olhar mais atento ao redor só lágrimas emocionadas são a expressão exata do que em mim ocorre e a manifestação fidedigna de um alegria pulsante, viva ao extremo.

Paris é de tão grande beleza que me calo na mais pura resignação por nada poder dizer sobre ela.
Paris é tão majestosa que, ao invés das palavras minhas amigas, inúteis neste momento, decido por conservar nas frescas lembranças visões que um olhar úmido e embevecido contemplou por um curto tempo.

quarta-feira, maio 14, 2008

Roma

Roma é polissêmica: não se pode descrevê-la de modo objetivo e é impossível detalhá-la de modo exato para que você compreenda o que eu quero dizer sobre o que dela eu vi, sobre a sua oblíqua irregularidade.

Roma é uma babel em que todos se entendem porque todos estão ali por uma mesma razão: andar, caminhar, observar, sentir Roma, conhecer este que é o "berço da civilização moderna", mas que, ao mesmo tempo, tanta foge da idéia obtusa que se tem hoje de modernidade.

Roma me fez sentir minúscula não só quando defronte aos seus colossais templos e construções, mas principalmente por sua história escancarada em cada pequena ruela desbravada.

Estar em Roma é como estar no centro de tudo; é ser mais uma na multidão e, por isso mesmo, fazer parte do mundo.

Roma é linda, é familiar, é cenográfica. Roma é deliciosa com seus cheiros e sabores próprios, seus paninis, seu vinho, massas, queijo.

Roma é ela e só ela. É estranha e próxima. Confusa e desorganizada. Mas capaz, por si só, de reunir e fazer com que coexistam  tanta gente, tantas histórias, tanta vida em um só lugar tão grande e complexo no tempo e no espaço.

sexta-feira, abril 25, 2008

Ansiedade infantil

A correria a que me referi abaixo unida a fortes lampejos de ansiedade me fizeram sumir daqui...

Eu deveria ter 9 anos e, já sem acreditar em Papai Noel, tinha escolhido como presente de Natal o Shopping da Barbie.
Eram três vitrines com bolsas, sapatos (altos, baixos, tênis!), colares, óculos, chapéus e mais duas araras cheias de vestidos, saias, claças, blusas. Um verdadeiro sonho para quem brincava de boneca quase todo santo dia!

Fui com a minha mãe comprar. Voltamos com uma caixa enorme, embrulhada e escondida no maleiro de meu guarda-roupas: se eu já não acreditava no bom velhinho, minha irmã ainda escrevia pra ele...

Tive de esperar... Duas semanas, uma semana, alguns dias, não sei! Só me lembro da ansiedade, da vontade de abrir a caixa e brincar com tudo aquilo que estava dentro dela.
Todos os dias, fechava a porta do quarto por dentro, subia em uma estante do lado do
guarda-roupas e alisava a caixa, me imaginava trocando as roupinhas da Barbie, experimentando sapatos, bolsas...
E assim foi: me diverti tanto com a espera quando devo ter me divertido com o brinquedo de verdade.

Vinte anos depois, cá estou eu, de novo!, na mesma...
Daqui a uma semana devo ver tudo aquilo que sempre tive vontade de ver. Andar pelas ruas planas pelas quais sempre quis andar, entrar em museus, lojas, palácios de meu livros de História. Tomar um café crème sem nada a pensar, só o prazer de observar o rio.

Já me diverti um monte pesquisando, procurando novas informações, endereços, o que fazer, o que não fazer.
Não sei como será, o que pensar, mas estou certa de que serão dias de plena alegria infantil transbordando!
Como se fosse só rasgar o papel para a felicidade chegar!

segunda-feira, abril 07, 2008

Não sei se vale a pena...

Virei uma workaholic. Por falta de opção.

Foi bobeira da grande; foi no mais ingênuo sem-querer, e quando dei por mim, as baladas durante a semana entraram na mais completa extinção; os sábados e domingos deixaram de existir em sua plenitude.
Tudo isso porque tem falado mais alto o montante de trabalho que, embora estritamente no prazo, extrapola as segundas, terças, quartas, quintas e sextas e se prolonga pelo fim de semana que, antes, era dedicado a mim, aos passeios à fnac, ao cinema relaxante, aos barzinhos e bate-papos, a uma baladinha com bom som.
Não raro o computador só é desligado depois da uma da manhã e ligado, novamente, sete horas depois.

O dinheiro (obviamente!) não aumentou.
A vida social é que está mal das pernas...
Dei-me conta outro dia de que, com três ou quatro exceções, meu dia-a-dia é em torno dos físicos... Comecei até (tende piedade, oh Einstein!) a fazer piadinha própria deles.

Eu!... Que até anteontem acreditava na impossibilidade de ser eu uma deles. Virei langa! Da pior espécie: aquela que se sabe, mas não consegue fugir do que é...

terça-feira, março 11, 2008

Silêncio

De repente, uma frase: “O tempo é contrário às palavras. Ele é silencioso.”

Talvez mais do que uma característica própria do tempo, o silêncio seja uma conseqüência dele.

Na febre, as palavras escapam da boca, da cabeça, do estômago; confundem a reivindicação com o inefável e acredita-se possível falar o que não tem forma senão naquela situação existente na memória, ou no desejo.
A febre provoca delírios. E delírios provocam acessos de certeza, excessos de confiança, excessos de crença em coisas que o próprio delírio trouxe.

Depois, assim como veio, ela passa...

E que bom que ela passe! Não só pelo conforto restabelecido, pelo calor que deixa de queimar, pelas dores que deixam de atormentar. É que também deixam de existir os acessos de loucura, os devaneios ilógicos. Restaura-se a sanidade.

Aí nem é mais preciso falar. As bocas se calam, as palavras não precisam mais procurar sentido: um sentido já foi determinado, definido; o sentimento já foi cristalizado. E como um cristal, reflete a luz com perfeição; como um cristal, emite sons próximos aos de sinfonias; como um cristal, é lindo de se admirar, mas ao toque, ao menor contato, pode se despedaçar tornando-se não mais que um pedaço de vidro qualquer.

quarta-feira, março 05, 2008

Na mesa do bar

A noite é a de segunda-feira. Faz calor.
O local é o Salve Jorge: bar lotado da Vila Madalena.
Personagens?: três amigas e algumas garrafas de cerveja. Clube da Luluzinha sim, e daí?
Em pauta, zilhões de assuntos: comentários sobre os namorados de duas e a falta dele para outra; dicas de filmes; os Oscar e a tradicional polêmica que a gente sempre cria em torno de quem ganhou e quem não; os vestidos do Oscar; os caras do Oscar; a falta do Heath Ledger no Oscar (tristeza profunda.); e por aí vai...

Nós somamos 90 anos, as três. E foi inevitável não falar de idade...
Nenhuma de nós está preocupada com botox e coisas assim. E pelo o que conheço de cada uma, não deveremos ficar. A idade entrou em pauta mais para contextualizar um assunto do qual falamos pouco em todas as outras situações: filhos. Tê-los? Não os ter? Quando os ter?

As três são donas de si, independentes, contentes da vida que levam. As três não são tradicionalistas, nem acham que a vida se resume a casar e ter filhos, mas as três concordaram que terão, sim!, filhos. E os querem com pais. E querem morar os três: pai, mão e filho, juntos e felizes.
Parece até que nada mudou de nossas mães para cá, de nossas avós para cá...
E voltamos para casa as três, um pouco altinhas das cervejas.
Voltamos cedo porque amanhã, cada uma delas, precisar acordar cedo e trabalhar até tarde. Cada uma delas está toda atarefada em sua rotina de balzaquianas (ou quase!) que, embora a gente faça questão de reclamar, nos deixa tão feliz!

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Delicioso!

Porque a vida já é toda cheia de coisas espinhosas e de desentendimentos desnecessários e ilógicos, resolvi escrever sobre coisas que em muito me agradam.

Há inúmeras pequenas ações que são capazes de me deixar reconfortada no dia-a-dia.
Pequenos atos que passam até desapercebidos, mas que me enchem de uma instantânea e deliciosa alegria.

Quer coisa mais legal do que encontrar uma nota de 5 reais esquecida no bolso de uma calça que você não usava há tempos? Ou então fazer uma comidinha gostosa, todo mundo se sentar a mesa e elogiarem a habilidade da cozinheira? Cheiro de xampu de criança quando se beija um dos sobrinhos? Um bom livro pelo qual a gente torce para que o fim não chegue?

Poderia enumerar zilhões de coisas deliciosas que podem acontecer em um dia qualquer. Teria até assunto para vários dias, mas é que agora só quero falar de uma coisa deliciosa:
Fiquei em casa o dia todo escrevendo, estudando, analisando dados. O máximo que me desloquei foi até a área de serviço para colocar a roupa no varal. Mas o fim da tarde me disse que era hora de dar ao menos uma ida até o supermercado para ver rostos e pessoas. Comprei um pacote de cookies!
Existe, por favor, me respondam!, existe coisa mais deliciosa do que cookie com gotas de chocolate e uma xícara de café?

Não paro mais de comer! Não paro mais de olhar para os cookies que ainda sobram no pacote com um olhar de devoção de agradecimento pela alegria qu eles me trazem.
Posso até trabalhar ainda mais um tanto só pelo simples prazer de daqui a pouco me levantar e tomar mais uma xícara de café comendo mais uns deles.

Que alegria!

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Uma década

Dez anos depois e continuo em São Paulo.

Quando vim pra cá, na ingenuidade peculiar a quem vê o futuro de si e dos outros com seus próprios olhos e como imagens deslocadas no tempo das ações do agora, estava convicta de que a volta ocorreria em quatro anos.
Todo dia era só um a mais e toda sexta-feira era a mochila nas costas e o mesmo trajeto da semana anterior.

A casa era lá, os amigos estavam lá e eu desejava que minha vida, parcialmente vivida aqui, continuasse a fluir lá, como se aqui fosse só um estado momentâneo.

Não foi rápida, mas foi involuntária e imperceptível, a minha mudança de lar.

Primeiro, os amigos foram deixando de estar só lá e os convites (para cerveja a qualquer hora, para baladas no fim de semana, para festinhas com ou sem motivo algum) se revezavam entre cá e lá.
A isso, foi-se juntando a preguiça de fazer malas com tanta obstinação aos fins de semana.
Na verdade, as roupas começaram a estar mais aqui do que lá.
E num certo dia eu assumi que, por mais que eu desejasse voltar a viver de modo tranqüilo ao lado da família, minha vontade era estar aqui também; era ser visita onde sempre foi (e será) meu lar.

A mudança se deu em mais que no endereço. Por isso mesmo não me ajustava mais em um só lugar.
Tornei-me multifacetada, o que não implica que eu não saiba quem sou, que seja volúvel; implica tão somente em que não sou mais tão indeformável.

Se me transformo tanto, nem sempre as transformações são para o rumo que se imaginava. Mas levo sempre comigo a perseverança de não mudar tanto a ponto de não ser reconhecível naquela que há 10 anos saiu com suas malas e vontade de estar onde parecia seu lugar.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Devaneios em um dia quente

Tivesse eu um bom motivo, calçava a cara e ligava para alguém convidando-me para uma cerveja e um bom papo na calçada em uma noite que deverá ser quente como o foi a de ontem e como estão os dias desde três passados.
Acho até que bom motivo a gente inventa de um momento para outro quando verdadeiramente se quer. O que me impede de colocar em discussão um motivo qualquer que eu tenha urdido é que se torna o problema: engordei em minhas férias e no carnaval.

Desde ontem venho trabalhando na redação final da tese.
O mês de janeiro havia sido dedicado a leitura e releitura de pontos importantes, mas coloquei para a segunda-feira a obrigação de orquestrar as idéias soltas e colocar no papel o que preciso ser modificado, alterado, acrescentado, feito.
Meus livros do Druon têm sentido minha falta e não sei quando é que vou conseguir saber que, em 1316, João I da França morreu três dias após vir ao mundo...

Talvez eu devesse mesmo ter estudado mais sobre História. É claro que a da França me fascina absolutamente por razões que nem eu mesma saberia explicar. Sei lá!, é uma coisa assim, indescritível. Embora isso, os chineses também me chamam a atenção e, hoje, sinto extrema necessidade em saber a quantas andavam eles e seus conhecimentos lá por volta do século XV.

Seria bom, integralmente maravilhoso, se eu tomasse uma cerveja esta noite...

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Descansando

As férias foram ótimas!

Engraçado... Todos me perguntam: “O que você fez nas férias?”
E ao ouvirem minha resposta: “Nada”, uma certa incredulidade e indignação parece se mostrar nos rostos.

Passei 2007 como que dentro de um turbilhão: muito o que fazer, problemas surgindo e tendo que serem resolvidos em questão de pouquíssimo tempo; trabalho rendendo pra caramba; coisas boas se desenhando a todo momento. De repente, paro um pouco pra tomar fôlego e todos querem que eu faça algo...
Eu não quis: quis deitar cedo e acordar tarde; quis brincar com meus sobrinhos; tirar fotos até cansar; quis brincar de ler descompromissadamente um bom livro; quis nada fazer para melhor entender o que já tinha sido feito e o que virá agora nestes dias pela frente.

O descanso merecido, nos dias de hoje é condenável... Parece que o nada-fazer é ruim; parece que o ócio é abominável... Parece que tudo não é o bastante...
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