terça-feira, março 11, 2008

Silêncio

De repente, uma frase: “O tempo é contrário às palavras. Ele é silencioso.”

Talvez mais do que uma característica própria do tempo, o silêncio seja uma conseqüência dele.

Na febre, as palavras escapam da boca, da cabeça, do estômago; confundem a reivindicação com o inefável e acredita-se possível falar o que não tem forma senão naquela situação existente na memória, ou no desejo.
A febre provoca delírios. E delírios provocam acessos de certeza, excessos de confiança, excessos de crença em coisas que o próprio delírio trouxe.

Depois, assim como veio, ela passa...

E que bom que ela passe! Não só pelo conforto restabelecido, pelo calor que deixa de queimar, pelas dores que deixam de atormentar. É que também deixam de existir os acessos de loucura, os devaneios ilógicos. Restaura-se a sanidade.

Aí nem é mais preciso falar. As bocas se calam, as palavras não precisam mais procurar sentido: um sentido já foi determinado, definido; o sentimento já foi cristalizado. E como um cristal, reflete a luz com perfeição; como um cristal, emite sons próximos aos de sinfonias; como um cristal, é lindo de se admirar, mas ao toque, ao menor contato, pode se despedaçar tornando-se não mais que um pedaço de vidro qualquer.

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Puxa! Gostei, e muito. Um jeito maduro, sutil, ao mesmo tempo gostoso. Nos faz pensar a sério, porém, simultaneamente, relaxando.

Passarei para ler os outros, com mais tempo. E obrigado pela visita!

31/3/08 9:02 AM  
Anonymous Anônimo said...

Peraí... Além de vc também morar em Pinheiros, ter um blog bacana... como eu, também coleciona canecas??????

31/3/08 2:36 PM  
Anonymous Anônimo said...

Passa um endereço de e-mail pro Starbucks demais. Depois explico.

31/3/08 2:41 PM  

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