sexta-feira, abril 07, 2006

"O verdadeiro amor é, paradoxalmente, uma saudade constante, sem egoísmo nenhum"

Vipa me manda conversa lá de Ilhéus... Tem saudades de seu marido que só viaja no feriado...
“Saudade antecipada”, pergunta minha amiga, "pode existir?" E, então, me vi pensando “diz aí o que é saudade!”

Comecei mal. Muito mal.
Saudade não se diz, saudade se sente.
Saudade não é imperativo: é indeterminação, perplexidade.
Saudade é a existência do que não mais existe, ali, pertinho, na altura de nossos dedos, mesmo que os dedos sejam os mesmos, do mesmo tamanho.

É! Acho que é isso!: Saudade, ela própria, é ela mesma: toda, só, um só paradoxo; impossível de dizer, abstrata, mas cheia de concretude no que só ela mesma causa.

Saudade dói, desconcerta, sufoca; e alegra, conserta, areja.

“Dá pra sentir saudade antecipada?”
Dá sim, saudosa amiga minha, minha amiga saudosa! Assim, como dá pra sonhar e esperar pelos seus efeitos quando ela não mais existir.

Ah! E o título, tomei emprestado de Cecília Meireles.
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