sexta-feira, novembro 19, 2004

Perguntas

Não que a vida seja tão simples a ponto de ser assim resumida, mas é que a vida é cheia de perguntas e respostas que às vezes acho que até parece um jogo de adivinhação e que cada casa em que paramos tem ali uma pergunta escondida pra ser respondida.
Lembro que, na 4a. Série, a professora perguntou em uma prova o nome completo do Aleijadinho. Tentei e agrupei o maior conjunto possível de três nomes portugueses jamais visto, mas nenhum se assemelhava aquele que vagamente lembrava de ter lido em meu caderno, no dia anterior, enquanto decorava os pontos para fazer a prova.
É certo que essa pergunta me foi difícil aquele dia, mas outras tantas me foram fáceis em tantos anos de escola. Responder “quem descobriu o Brasil”, “quanto é 7 vezes 8”, “qual a capital da Holanda” sempre me pareceram questões triviais que exigiam somente alguns momentos de atenção e de leitura para que as respondesse de maneira correta e convincente segundo os olhares atentos de minhas professoras.
Não quero falar que fui boa aluna (e isso é bem verdade), quero é dizer que sempre sou me comportar frente aos “desafios” que me eram propostos. Criei uma certeza em mim de que tudo seria facilmente respondido e entendido porque eu era boa em fazer isso.
Mas os anos passaram, os problemas aumentaram em quantidade e dificuldade e hoje não acho nenhum livro velho ou um caderno cheio da minha letra irregular que me conte o que fazer em certas situações.
Parece que agora a vida se esmera em escolher questões difíceis, sem uma resposta óbvia e direta, questões complexas que podem te afundar se escolher direção ou outra, questões estranhas e que demandam resposta rápida, de supetão, que governam depois as outras perguntas e o grau de certeza que posso ter ou não...
Até hoje não sei o nome do Aleijadinho: o Google até pode me dar agora, mas não quero. Já vi, a poucos centímetros, aquilo que suas mãos deficientes fizeram.
Também até hoje não sei a resposta de algumas perguntas que a vida me faz ou me fez e às quais respondi bem ou mal, mas vejo aqui (e posso sentir, mais que tudo) o efeito daquelas escolhas.
Seria bom que o efeito delas fosse tão belo e emocionante aos meus olhos quanto são os cuidados de Aleijadinho na pedra sabão. Pena que não são...
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