Tempo cheio (ou vazio...)
Às vezes não gosto de finais de semana. Adoro o descanso que eles trazem, mas odeio a idéia de estar em plena sexta à noite sem ter a mínima idéia do que fazer até o domingo à noite. São horas e horas em que poderia me dedicar ao mais profundo descaso e descanso, mas não sei entrar bem num fim de semana se não tiver enchido-me de coisas pra fazer. Sei lá. Parece que o mundo está acontecendo lá fora e eu parada sem ter o que fazer.
Acho que é isso o que me cansa em Andradas.
Tudo bem que não vou mais pra lá esperando fazer alguma coisa que me divirta aos montes. Lá o que me agrada mesmo é ficar em casa batendo bons papos, comendo muito bem, brincando com o João Gabi e entregando-me ao que não gosto nem um pouco de fazer em São Paulo: nada.
Fazer nada em Andradas é quase que a única boa opção, porque lá é o lugar em que não se deve fazer nada. A obrigação de sair e se relacionar com as pessoas em Andradas não é muito interessante porque lá as coisas não mudam, então fazer isso hoje ou daqui há 5 anos dá na mesma.
Aqui não. Aqui em São Paulo as coisas são diferentes porque tudo muda a todo momento. Se você não vai ao cinema num fim de semana corre o risco de só assistir àquele filme quando chegar na Blockbuster do lado da sua casa. Se você não avisa um amigo que daqui há 3 horas tá pensando em beber uma cervejinha num barzinho qualquer, já não consegue mais tempo suficiente para irem para lá e aproveitarem como deveria ser aproveitado. Aí a cervejinha fica na vontade e a espera tem que se estender por uma semana de correria e de loucuras de tantas coisas acontecendo juntas.
E aí é está a questão: em São Paulo tudo é imediato, tudo acontece rápido e a toda hora e você acaba se contaminando com a idéia de que tem que fazer muita coisa pra aproveitar um pouquinho. Em Andradas, nada muda e se você não faz, não fez e acabou a conversa. Problema teu.
Mas o grande problema mesmo está no fato de que não fiz nada entre o sábado à noite e a segunda de manhã.
A chuva caindo torrencialmente em todo canto de São Paulo, a Rebouças agitada e barulhenta como sempre e como nunca, a TV mostrando tudo que acontecia em cada canto do mundo, as pessoas dos prédios vizinhos recebendo visitas ou batendo bons papos na sala de estar e meus vizinhos de porta se despedindo aos beijos estalados no corredor colado à minha porta, tudo isso me fez perceber o quanto São Paulo é cruel com quem põe na cabeça em se sentir Andradas ali do lado da Avenida Brasil.
Se não correr, meu, já era. Aí não tem uais que expliquem o porquê te ter perdido um fim de semana num completo nada fazer. Não tem trem que tire sua angústia de pensar que pode ter sido a única pessoa no mundo que ficou ali esquecida.
É difícil, mas a mania de ser bicho do mato, de ser cria da “cidade que nunca acorda”, é que me deixam assim, tão contrariada por não saber se me faço de paulista e arranjo um programa entre tantos ou se assumo a mineirice de precisar me esconder de tudo por um tempo, que pode ser aquele curto do fim de semana...
Acho que é isso o que me cansa em Andradas.
Tudo bem que não vou mais pra lá esperando fazer alguma coisa que me divirta aos montes. Lá o que me agrada mesmo é ficar em casa batendo bons papos, comendo muito bem, brincando com o João Gabi e entregando-me ao que não gosto nem um pouco de fazer em São Paulo: nada.
Fazer nada em Andradas é quase que a única boa opção, porque lá é o lugar em que não se deve fazer nada. A obrigação de sair e se relacionar com as pessoas em Andradas não é muito interessante porque lá as coisas não mudam, então fazer isso hoje ou daqui há 5 anos dá na mesma.
Aqui não. Aqui em São Paulo as coisas são diferentes porque tudo muda a todo momento. Se você não vai ao cinema num fim de semana corre o risco de só assistir àquele filme quando chegar na Blockbuster do lado da sua casa. Se você não avisa um amigo que daqui há 3 horas tá pensando em beber uma cervejinha num barzinho qualquer, já não consegue mais tempo suficiente para irem para lá e aproveitarem como deveria ser aproveitado. Aí a cervejinha fica na vontade e a espera tem que se estender por uma semana de correria e de loucuras de tantas coisas acontecendo juntas.
E aí é está a questão: em São Paulo tudo é imediato, tudo acontece rápido e a toda hora e você acaba se contaminando com a idéia de que tem que fazer muita coisa pra aproveitar um pouquinho. Em Andradas, nada muda e se você não faz, não fez e acabou a conversa. Problema teu.
Mas o grande problema mesmo está no fato de que não fiz nada entre o sábado à noite e a segunda de manhã.
A chuva caindo torrencialmente em todo canto de São Paulo, a Rebouças agitada e barulhenta como sempre e como nunca, a TV mostrando tudo que acontecia em cada canto do mundo, as pessoas dos prédios vizinhos recebendo visitas ou batendo bons papos na sala de estar e meus vizinhos de porta se despedindo aos beijos estalados no corredor colado à minha porta, tudo isso me fez perceber o quanto São Paulo é cruel com quem põe na cabeça em se sentir Andradas ali do lado da Avenida Brasil.
Se não correr, meu, já era. Aí não tem uais que expliquem o porquê te ter perdido um fim de semana num completo nada fazer. Não tem trem que tire sua angústia de pensar que pode ter sido a única pessoa no mundo que ficou ali esquecida.
É difícil, mas a mania de ser bicho do mato, de ser cria da “cidade que nunca acorda”, é que me deixam assim, tão contrariada por não saber se me faço de paulista e arranjo um programa entre tantos ou se assumo a mineirice de precisar me esconder de tudo por um tempo, que pode ser aquele curto do fim de semana...