quarta-feira, novembro 14, 2007

Vendo coisas

Eu tinha certeza absoluta que o Eduardo da música da Legião Urbana era médico.
Nunca tinha parado para pensar se ele poderia ter outra profissão porque me era absolutamente evidente que ele tinha cursado medicina, assim como a Mônica.

Todos os dias de manhã eu abro a janela do quarto e dou uma espiadela na rua para saber como está o clima: uso saia ou calça?; levo casaco ou não?
E outro dia me disseram aqui em casa que precisavam ir ao Banco Real. Disse prontamente: “Ih! Não sei onde tem uma agência do Real aqui perto...”
“Olha pela janela.”
Há uma agência do outro lado da rua.

No texto da minha qualificação cometi um erro de digitação. Um dos membros da banca deixou sua cópia do relatório comigo e, ao fazer ler as sugestões que ele colocou ali, deparei com um círculo em torno desta palavra com a indicação: “redação”.
Somente na quarta vez que li a frase e que percebi o que ele havia visto e comentado.

É tão estranho isso...
Coisas e fatos que me parecem de determinado modo, assim o serão por muito tempo. Faça chuva ou sol, apontem ou falem, em certas situações torno-me cega para o que é absolutamente visível para todos e para o que está em meu campo de visão.
Creio que seja algum tipo de pré-conceito quanto às coisas, uma idéia altamente estruturada e coesa existente em minha cabeça que impede que eu assimile a realidade como ela é.
Tenho, então, experiências minhas, próprias, únicas. E isso me permite um acesso ao meu mundo e ao mundo dos outros de uma maneira esquizofrênica e verdadeiramente interessante!
É o meu mundo; concreto ou não! É o meu mundo; repleto do mundo dos outros, mas visto por meus óculos.

Talvez eu viva num mundo à parte.
Talvez até, quem sabe?!, seja eu uma romântica que desenha o seu mundo conforme o mundo que mais lhe apeteceria.

segunda-feira, novembro 05, 2007

História ou histórias?

Se houvesse tempo suficiente, eu leria mais sobre História.

Biografias ou pequenos episódios de dias marcantes de pessoas comuns ou célebres têm, nos últimos tempos, me fascinado mais do que já me fascinaram sempre.
Pensei até, vejam só!, em estudar História. Sei lá: freqüentar um curso qualquer de História do Brasil, da França, Mundial... Mas falta-me a paciência e a disciplina necessárias a quem desejar reconstruir para si dado momento da humanidade.

Não conseguiria mais fazer isso.
Vejo uma somatória de qualidades em mim inexistentes para enfrentar a História como o fazem os historiadores.

Quando penso em história, dispo-me da minha carapuça física: a imparcialidade e a objetividade que os estudiosos da História procuram fogem-me quando penso em histórias.
Resta-me, então, tentar voltar ao que um dia eu soube bem fazer: reconstruir em mim, ou em gente que não existe, episódios da história da vida daqueles que são comuns.
Contar o que ocorreu de fato ou o que poderia ter acontecido; criar ou recriar o que foi visto pela ótica de um ou no referencial de outro; destrinchar unilateralmente uma ação multifacetada.
Episódios em si tão comuns que possam mostrar, em suas histórias únicas, lampejos de vida de cada um de nós.
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