segunda-feira, abril 30, 2007

Confiança

O que se faz quando se perde a confiança?

O primeiro passo já é a sua negação: a desconfiança...
Começa-se a perder a primeira tão logo surgem evidências do seu oposto.

A vida vai acontecendo e, por vezes, a gente tenta não dar importância para sentimentos que nos dizem que há algo estranho, mas, de repente, abre-se a porta e entra a verdade. Nua. Crua. Dura.

Como se não bastassem os fatos reais apontando para o que é inquestionável, tento, com um certo esforço, pensar que não é bem isso; foi um deslize; e, o que é torto, não foi planejado, mas só um acaso triste e infeliz.

Tem então que a mente da gente não gosta de controvérsias e mostra um caminho claro, cheio de sinuosidade. Não desejava percorrê-lo, pois, uma vez ali, é certo que a confiança suma da vista para nunca mais.
Esta que me é tão necessária.
Esta que me é o ponto de apoio sem o qual não consigo manter relação alguma, seja ela qual for.

Por que isso?
Para que quebrar a fina linha que segura as mais adversas e abruptas situações?
Para que destruir o que torna tudo possível?

Não quero saber as respostas a essas perguntas, porque não quero pensar que, ao sabê-las, talvez comece a ver esta linha, tão preciosa para mim, como um fio qualquer, sem valor.

terça-feira, abril 24, 2007

Quanto vale

Sinto vontade de escrever. Na verdade é mais do que isso: é necessário escrever.
Ponho-me em frente ao computador e a tela em branco me acalma. Só que nada sai.
Não consigo transcrever precisamente o que gostaria de dizer, mas tenho minha idéia do porquê: É absurdo pensar que é necessário dizer isso; o que deveria ser óbvio; o que deveria nos mover. Mas vá lá, é preciso dizer...

Percebo hoje que certos valores estão em desuso. Sinceridade, honestidade, gratidão, respeito. Não existem com tanta freqüência quanto o ideal.
A própria palavra “valor” recebe atenção mais privilegiada por seu outro significado: aquele que acompanha o cifrão.
Valor só se reflete em termos quantitativos e o que deveria ser imensamente imensurável e desmedido, parece, aos olhos de todos, como se fosse melhor se visualizado no extrato bancário.

A grandeza de alguém não se mede pelo o que ela é, faz, pensa, mas pelo fato de ela conseguir angariar para si a maior quantidade de coisas que podem (e certamente) nem lhe são necessárias.
Não é uma crítica ao consumismo. Não! Estou fora disso. É só um desabafo contra aqueles que não conseguem ver a imensa beleza do que é diferente.
Um desabafo contra aqueles que só conseguem julgar bonito o que é bonito aos olhos de quase todos.

Será que não há beleza demais em seguir o que se pretende, desapegando ou privando-se do que, naquele instante, embora necessário, não seja primordial?
Não haverá beleza e sabedoria demais em saber que nem tudo o que se pretende é necessário? Em saber que o que se deseja é mais necessário do que qualquer coisa palpável, qualquer emoção passageira, qualquer bem que nos disseram que era valioso?


O que me acalenta é só a idéia de que, mesmo que se vá todo o guarda-roupas, a moral e o caráter permanecerão intactos.
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